segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Para que servem os encontros presenciais?

Este final de semana recebi um e-mail que me fez pensar um pouco sobre aquilo que estamos entendendo como ENCONTROS PRESENCIAIS para cursos oferecidos na EAD.

Trago aqui o conteúdo do e-mail, e depois algumas observações que partilho com vocês, caros leitores deste blog. Entendo que sempre é bom retomarmos temas “polêmicos” como este, para que possamos aprofundar nossos estudos.

Conteúdo do E-mail:

Notícia: USP OFERECE CURSO DE GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA - LICENCIATURA CIÊNCIAS

Ótima notícia. Mas fico com duas dúvidas que sei de antemão que não serão respondidas agora:

1. A UNIVESP continua obrigando o aluno a comparecer várias vezes por semana nos pólos em horário pré-fixado para assistir tele-aulas pela TV Digital? Ou seja, o estado de São Paulo promove o primeiro "curso a distância" na modalidade presencial do mundo!

2. O Programa de Pós-Graduação em Educação da USP tem o costume de não aceitar as inscrições de graduados pela EAD. O veto ocorre já no edital. Será que ela irá manter essa prática para os formados nos seus próprios cursos a distância?

Comentários:

Cada IES é livre para poder criar e gerenciar seus cursos, submetendo-os ao MEC para credenciamento e autorização, seguindo os parâmetros que a legislação apresenta. No tocante a cursos na EAD, há uma indicação de que as avaliações sejam realizadas presencialmente. Mas não se coloca como condição encontros presenciais para outras atividades. O que observamos nestes encontros presenciais ainda é um resquício de uma educação TRANSMISSORA de informações, onde o professor é o detentor do saber e os alunos são os receptores de tais informações (ou conhecimentos).

É salutar lembrar que não é este o “modelo” de EAD que acreditamos...! Defendemos uma EAD pautada na autonomia do aluno.

Vale recordar que os cursos na EAD surgem (na sua essência) para justamente atender a quem não pode freqüentar os centros universitários. Obrigar a participação em encontros presenciais que não sejam para avaliação é um contra-senso.

O uso de vídeo-aulas ou outros meios de transmissão de conteúdo devem ser ofertados sim, mas como apoio ao estudo do aluno. O uso das mídias e tecnologias serve para que o aluno tenha acesso ao conteúdo, como também para que possa interagir com seus pares, com tutores e professores.

Se a TV (ou outro meio) é usado somente para a transmissão de conteúdo... infelizmente quem está pensando uma EAD assim não compreendeu o que é a Educação a Distância.

Quanto ao caso da USP... o que se tem ainda são questões de políticas pedagógicas. Por um lado defende-se a oferta massiva de cursos sem qualidade. Concordo.

Por outro lado há um “apego” às verbas para projetos e programas que são ofertados para cursos presenciais.

Que a USP seja uma IES de renome no Brasil (e no exterior) é um fato, mas também podemos olhar para outras IES de grande prestígio e que estão ofertando cursos na modalidade a distância, investindo em pesquisa nesta área (a exemplo da UNB, da PUC-RG, PUC-RJ, UFAL, entre outras).

Não devemos nos assustar diante da postura dos professores (e alguns alunos) da USP. Mas também devemos buscar uma melhor qualificação para os cursos na EAD.

E quanto aos encontros presenciais... que cada instituição possa verificar mesmo que objetivos busca alcançar com estes encontros...

Eu fico a pensar em alguns alunos que não podem se deslocar, por inúmeros motivos, para os polos de APOIO presencial. Vão ser mais uma vez excluídos do processo educativo?

E você, caro leitor? Qual sua opinião?

Para que servem os encontros presenciais em cursos na EAD?

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3 comentários:

Blog do Breno disse...

Simplificando, se tem encontro presencial nao e EaD, eh semi-presencial. E tem muito curso de graduacao presencial que faz isto, aproveitando a portaria 40. Intituiram a dispclina semipresencial com um ou dois encontros presenciais mensais.

Unknown disse...

EDUCAÇÃO, É UMA TROCA DE SABERES. Não podemos mudar tão radicalmente esse processo EAD que, tem tudo para dar certo. Estar em um curso EAD não significa que devemos nos desligar das fases boas do aprendizado tradicional como: ler e pesquisar em livros, ter o contato com professores e colegas para discursão e troca de experiências, envolve-se e fazer amigos. Nada pode substituir o contato interpessoal, não podemos deixar a máquina tomar conta de nosso tempo e espaço, tornando o ser humano distante e isolado do mundo. Já temos muitos exemplos de pessoas egoístas, frias e preocupadas apenas com seus próprios interesses. Tenho duas experiências com EAD e, com certeza, seria um tédio passa por todo esse conhecimento isolada em casa na frente de meu computador. Deixar de trocar idéias, trabalhos , provas e conversas paralelas..Tudo isso, torna o aprendizado mais interessante e edificante. Russelys Santos

Anônimo disse...

Fernando, como disse, "que cada instituição possa verificar mesmo que objetivos busca alcançar com estes encontros..", sei que devemos nos atentar para um modelo de educação que supere a tão já comentada educação bancária. Infelizmente, vejo que na EAD continuamos a "fazer por fazer" e a continuar reproduziro que nos já foi dito na educação presencial. Vejo que o problema está no planejamento dessas ofertas, como também na aquisição dos conhecimentos específicos para um ensino e aprendizagem on-line, e no comprometimento principalmente da equipe gestora e professores.
Encontros presenciais, no meu ponto de vista, seria para principalmente socializar a o conhecimento adquirido após sua construção. Caso haja necessidade de encontros presenciais, que estes sejam poucos, bem planejados, colaborativos e sem aula expositiva!