Caríssimos em Cristo, depois da longa e significativa série de leituras que acabamos de escutar, o Evangelho de Marcos, um trechinho curto e simples, coloca-nos com toda a força diante do mistério pascal. Três elementos compõem a Páscoa, nossa Festa; três elementos aparecem no que ouvimos há pouco. Ei-lo:
Primeiro, um fato. Um pequeno grupo de discípulas do Crucificado da Sexta-feira, comprou perfumes para ungir o corpo de Jesus. Passou-se o Sábado, dia santo dos judeus e, logo na madrugada do primeiro dia da semana, lá vão elas ao túmulo. Constataram, então o fato: “Viram que a pedra já tinha sido retirada. Entraram, então, no túmulo”: estava vazio! Eis como tudo começou, eis como começou a nossa esperança, eis como iniciou a ecoar, ainda tímida a maior e mais desconcertante notícia de que se tem conhecimento: o túmulo de Jesus de Nazaré estava vazio! Mas, um túmulo vazio pode significar tantas coisas: será que levaram seu corpo? Será ainda que o roubaram? Terá ele não morrido, mas apenas ficado ferido e saído sozinho? Nesse caso, como afastou a pedra? O fato, no entanto, estava ali: claro, palpável, incontestável: o corpo de Jesus de Nazaré desaparecera... Seu túmulo, em Jerusalém, ainda hoje está vazio! Aquele que fora tragado pela morte, não mais repousa naquele túmulo...
Mas, após o fato, vem um anúncio. Bendito anúncio: “Não vos assusteis! Vós procurais Jesus de Nazaré, que foi crucificado? Ele ressuscitou. Não está aqui. Vede o lugar onde o puseram!” Anúncio louco, inacreditável, inesperado! Dizem agora àquelas pobres mulheres que Jesus de Nazaré, ressuscitou: não mais está no túmulo porque seu corpo foi transfigurado pelo Deus de Israel, Deus da vida, Deus que derrama seu Espírito Santo vivificante sobre toda carne. Estão dizendo que Jesus de Nazaré, de corpo no túmulo e de alma na mansão dos mortos, como todos os mortos do mundo, agora venceu a morte: morto na natureza humana, fora vivificado no Espírito Santo de Deus! Jesus de Nazaré – é o que dizem àquelas mulheres – atravessou o Mar Vermelho da morte, porque Deus soprou sobre esse Mar bravo e fechado, o vento do Santo Espírito e o fez atravessar, totalmente transfigurado... Jesus de Nazaré está agora junto do Pai, com a glória do Pai! Jesus de Nazaré passou, fez Páscoa, saindo deste mundo, atravessando a morte e entrando na glória do Pai! Se é assim, aquele túmulo não é o fim, mas o Início: neste Ressuscitado a humanidade, a ele unida pelo Batismo e a Eucaristia, pode vencer a morte, pode atravessar o mar desta vida certa de que caminha com ele para Pai! Eis a Páscoa, nossa Festa! Eis a nossa tristeza transformada em alegria! Eis a Vida que vence a Morte! Eis o Cristo que vence o Inferno! Se Cristo ressuscitou – e ele ressuscitou! – é próprio sentido da história, do mundo, da dor, do pranto, da vida e da morte que mudam para sempre de sinal! Tudo termina na Vida, tudo termina nos braços da Vida, no regaço de Deus, o Pai que ressuscitou Jesus dentre os mortos! Eis a Páscoa! Eis a nossa Festa!
Mas, atenção! Os homens vestidos de branco continuam ainda falando. Têm algo a dizer: uma missão: “Dizei a seus discípulos e a Pedro que ele irá à vossa frente, na Galiléia. Lá o vereis!” Eis a missão! O Ressuscitado convoca seus discípulos ao redor de Pedro, ao redor de Bento XVI; convoca-os à Galiléia. Que significa a Galiléia? Ela é a região dos pagãos, é a região longa de Jerusalém, do Templo, do judaísmo... Agora, a Igreja deve deixar o judaísmo e dirigir-se ao mundo, em missão, anunciando Jesus morto e ressuscitado. Na frente, adiante de nós, irá sempre Jesus: “Ele irá à vossa frente!” – não foi isso que os homens de branco disseram? Ele nos espera, nos precede nas estradas do mundo. E, mais ainda, estejamos atentos ao que dizem os anjos com aspecto humano: “Lá o vereis!” Impressionante! Quem não for À Galiléia, quem não for em missão, quem não arriscar deixar a Judéia para ir com Jesus, anunciando-o, testemunhando-o, jamais haverá de vê-lo!
Eis, caríssimos! Jesus, nosso Irmão, nosso Deus, nossa Páscoa ressuscitou! Ele venceu a Morte! Anuncio-vos este Evangelho como naquela radiante Noite Santa de dois mil anos atrás! Quereis vê-lo? Quereis estar em comunhão com ele? Quereis experimentar na vossa vida a força da sua Ressurreição? Então, saí de vós mesmos, da Judéia do vosso comodismo, da vossa mornura, da vossa frieza! Saí! Saí! Ide pelas estradas do mundo: anunciai Jesus nas vossas famílias, no vosso trabalho, entre os vossos amigos! Anunciai-o com a palavra, anunciai-o com as obras, anunciai-o com as atitudes, com a vida! Aí, então, vereis Jesus, experimentareis Jesus vivo e vencedor, Aquele que dá sentido e luz à nossa vida e à vida do mundo!
Sabei, pois: nosso Irmão Jesus ressuscitou! Aleluia! A todos, uma feliz e santa Páscoa! Amém.
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