quinta-feira, 9 de abril de 2009

A Sexta-feira Santa

.... Caríssimos irmãos, como estamos vivenciando este momento santo, convido-os a reflexão.
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....Estou disponibilizando hoje uma reflexão sobre a Sexta-feira da Paixão, do Mons. Henrique Soares (bispo eleito no último dia 02 de abril, como auxiliar da Arquidiocese de Aracaju) e disponível no site: http://www.padrehenrique.com/geral.htm
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A Sexta-feira Santa

a. Sentido
Hoje, a Igreja mantém-se em profundo silêncio. O Esposo foi retirado. Neste dia, a Igreja não celebra a Eucaristia. O Altar, despojado após a Missa da Ceia do Senhor, é sinal desse jejum eucarístico.Pelas 15h, os cristãos se reúnem para uma solene celebração: a Celebração da Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: (1) uma Liturgia da Palavra, (2) a Adoração da Cruz e (3) a Comunhão eucarística.A Liturgia da Palavra ilumina o mistério da cruz do Senhor. Olhada somente com os olhos da razão, a cruz não tem sentido; ela é a maior prova de que Deus não existe e, se existisse, seria inútil, cruel, indiferente à dor humana! A cruz, à luz do nosso entendimento, é sinal de que não vale a pena ser bom, não adianta lutar por um mundo melhor, porque o mal triunfa! Mas, quando escutamos a Palavra do Senhor, o mistério da cruz aparece como luz, como sabedoria admirável de Deus! É isto que as leituras nos revelam: a Primeira, é o quarto cântico do Servo Sofredor; tão impressionante que o chamam de Paixão segundo Isaías. Aí, o Servo humilhado e destruído para salvar a humanidade, triunfará e será salvação da multidão. O Salmo 30 é uma impressionante oração que revela os sentimentos de Jesus na sua dor. É neste Salmo que se encontra a última palavra de Jesus: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu Espírito”. A Segunda Leitura é da Epístola aos Hebreus. Ela apresenta Jesus como nosso Sumo Sacerdote que, pelo seu sacrifício, entrou no Santuário verdadeiro: o céu. Entrou, não com sangue de animais irracionais, mas com o seu próprio sangue, sinal de um amor que se doa totalmente e, por isso, nos purifica. Finalmente, a impressionante narrativa da Paixão segundo São João. A Liturgia da Palavra é concluída com a solene Oração Universal, na qual a Igreja, unida ao seu Senhor, intercede por toda a humanidade.A Adoração da Cruz exprime a profunda reverência e admiração da Igreja pelo mistério da Paixão e Morte do Senhor. Não se trata de adorar o lenho materialmente, mas o que ele significa.Finalmente, a Comunhão eucarística. Apesar de não haver Missa, comungar no Corpo do Senhor morto e ressuscitado, revela bem o quanto Cristo vive para sempre.

b. Anotações litúrgicas
1. Recordemos a situação da igreja: cruzes retiradas ou veladas, altar totalmente descoberto, nenhuma flor, pia de água benta vazia. Não se toca os sinos nem campas; sempre a matraca.
2. Nenhum sacramento pode ser celebrado, a não ser a Penitência e Unção em caso de real perigo de vida. Nenhuma missa, por motivo algum, pode ser celebrada.
3. Fora da celebração, a comunhão somente pode ser dada aos doentes.
4. Não se pode fazer nenhuma adoração solene ao Santíssimo. Quem o adorar, fá-lo em silêncio e individualmente.
5. Pelas 15h começa-se a Celebração: paramentos vermelhos, sinal do sangue, do amor, e do Espírito Santo, que sustentou a entrega do Cristo.
6. Não se devme fazer comentários, a não ser o estritamente necessário... Se é que há necessidade...
7. Os celebrantes entram em total silêncio e se prostram. Todos se ajoelham, adorando o mistério da Paixão e Morte do Senhor. A prostração é o mais profundo modo litúrgico de reverência...
8. Sem “oremos”, de modo seco e direto, o padre faz a oração e conclui de modo abreviado: “Por Cristo, nosso Senhor”.
9. Atenção para não se mudar a letra do Salmo 30. Ele deve ser rezado na íntegra!
10. O quanto possível, não se deve tocar nenhum instrumento musical, a não ser para dar o tom. Se houver necessidade de tocar, que seja somente para sustentar o cântico e de modo extremamente discreto.
11. A Paixão pode ser proclamada por mais de uma pessoa. Nunca, sob pretexto algum, pode haver dramatização! É pura e simples aberração litúrgica, totalmente contrária ao espírito da Liturgia.
12. Quem inicia: “Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo...” não é o Padre, mas o narrador. Também é ele quem diz: “Palavra da Salvação”. Mas, sem beijar o Livro.
13. A homilia deve ser não muito longa.
14. Para a Oração universal, o diácono, um cantor ou o próprio Celebrante propõe, cantado, as intenções. Depois, pode convidar o povo a ajoelhar-se e levantar-se. Finalmente, o Celebrante faz a oração, com uma melodia quase em tom reto.
15. Para a Oração, o celebrante pode retirar a casula e colocar o pluvial vermelho.
16. Para a adoração da cruz, além dos dois modos apresentados no Missal, é costume na nossa Arquidiocese, conjugar os dois modos: o celebrante ou um diácono, de casula ou dalmática – ou ainda de pluvial – entra com a cruz velada e, três vezes, nave a dentro da igreja, vai descobrindo a cruz coberta de vermelho e cantando: “Eis o lenho da cruz”. O povo se ajoelha cada vez e responde.
17. A cruz deve ser colocada num local de destaque no Presbitério. O celebrante e os acólitos fazem-lhe três genuflexões e a beijam-na. É recomendável que, ao fazê-lo, retirem os sapatos, em sinal de humildade e penitência.
18. Quanto ao povo, se for muito numeroso, não deve beijar a cruz. Basta apresentá-la, e
nquanto se canta. Nunca, de modo algum e por motivo algum, pode-se usar mais de uma cruz!
19. A partir desse momento, se faz genuflexão para esta cruz – só para esta – como para o Santíssimo. Isso vai até às Vésperas do Sábado Santo.
20. Depois, para a Comunhão, cobre-se o Altar e colocam-se duas velas, o corporal e o missal. O celebrante ou o diácono, com o véu umeral e ladeado por dois acólitos com velas (mas sem umbrela, matraca e tudo o mais) traz o Santíssimo. Se ele estiver um pouco distante, um ministro da comunhão pode trazê-lo, mas sem véu umeral!
21. Depois da comunhão, o Santíssimo é recolhido não no sacrário, não no Altar da Reposição, mas num lugar fechado (por exemplo: o gabinete do padre ou uma outra sala fechada).
22. O padre faz, então, uma oração sobre o povo e, sem bênção, o despede.
23. Logo depois, o Altar é, novamente descoberto.
24. A partir de então, nem aos doentes é permitido mais levar-se a comunhão. A não ser em viático, isto é, para os que estão realmente agonizando.
Mons. Henrique Soares. Arquidiocese de Maceió.
Reitor da Igreja Nossa Senhora do Livramento.

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