quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Gestores em Transformação: a escola como ecossistema de aprendizagem

Tive a honra de realizar a palestra de encerramento do Curso de Aperfeiçoamento para Gestores com a palestra “Gestores em Transformação – A Escola como Ecossistema de Aprendizagem e os Desafios da Prática”, um momento de diálogo, escuta qualificada e reflexão coletiva sobre o papel da gestão educacional na contemporaneidade.

Partimos da compreensão de que a escola não é apenas uma organização administrativa, mas um ecossistema vivo, constituído por pessoas, relações, dados, políticas públicas e território. Nesse ambiente interligado, cada decisão tomada pela gestão impacta o todo. Por isso, gerir não é apenas administrar rotinas, mas articular sentidos, mediar interesses, sustentar o projeto pedagógico e cuidar das pessoas.

Ao longo da palestra, destaquei que o gestor não controla tudo, mas influencia tudo. Essa influência se manifesta nas escolhas cotidianas, na forma como os conflitos são mediados, como os dados são utilizados e como a comunicação se estabelece dentro da escola.

O curso como caminho formativo

Os dados do próprio curso reforçam a importância de processos formativos continuados. Com 737 gestores inscritos, superando significativamente o planejamento inicial, o curso demonstrou o quanto há demanda por espaços de aprendizagem que dialoguem com a prática real da gestão escolar.

A análise do aproveitamento ao longo dos módulos evidenciou tanto desempenhos consistentes de parte significativa dos cursistas quanto sinais de alerta, como oscilações nos conceitos intermediários e um percentual expressivo de evasão. Esses indicadores reforçam a necessidade de acompanhamento pedagógico sistemático, especialmente nos módulos finais, e de políticas formativas mais sensíveis às condições concretas de trabalho dos gestores  .

Os desafios da prática real

Entre os principais desafios destacados, emergiram três aspectos recorrentes na realidade da gestão educacional:

  • a falta de tempo diante do excesso de demandas;
  • a pressão por resultados associada à gestão de conflitos;
  • e as dificuldades no uso pedagógico das tecnologias digitais.

Esses desafios não se resolvem com improviso. Exigem governança educacional, entendida não como burocracia, mas como a capacidade de decidir bem, com responsabilidade, transparência, participação e foco no bem público.

Governança como caminho

Defendi que gestão sem governança se fragiliza. Atualizar a governança na prática implica investir em planejamento estratégico, uso qualificado de dados, trabalho colaborativo, comunicação clara, desenvolvimento de competências digitais e, sobretudo, ética e compromisso público. Ao final, reafirmei uma convicção que atravessou toda a palestra:

A qualidade da gestão aparece nas escolhas que fazemos todos os dias.

Agradeço profundamente aos cursistas, mediadores e à equipe organizadora pela escuta atenta, pelo compromisso com a educação pública e pela disposição em transformar a gestão escolar em uma prática cada vez mais consciente, colaborativa e humanizadora. Seguimos em caminho.



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