domingo, 30 de novembro de 2008

Blog do Yuri divulga o EPEAL

Nosso amigo e blogueiro Professor Yuri Brandão divulgou hoje uma entrevista com o Prof. Tiago Leandro sobre o 3º EPEAL.


Vejamos aqui parte da entrevista...

Blog: Até que ponto é importante a "preparação acadêmica formal"? E qual o limite que divide essa preparação do "academicismo"? É que, em outros tempos, o reconhecimento de alguém prescindia, parcial ou totalmente, do fato de se ter um mestrado ou um doutorado, que têm utilidade, não raro, apenas acadêmica. De uns anos para cá, porém, não possuir esse(s) título(s) pode significar falta de qualificação, como se os estudos formais fossem o único meio de preparação intelectual. Como você analisa esse quadro?

Tiago Leandro: É preciso considerar que, mesmo que os diversos sujeitos tenham uma determinada disposição para uma área de conhecimento, ter conhecimentos formais que possibilitem potencializar tal aptidão é imprescindível na sociedade contemporânea. Nesse sentido, a preparação acadêmica, através de uma formação integral, permite madureza aos sujeitos, através de conhecimentos teóricos e aqueles historicamente produzidos por parte da humanidade, além de técnicas. A universidade, se considerada a formação integral das pessoas que nela estão, tem o dever de formar sujeitos críticos e capazes de interferir no contexto em que vivem. Percebo que a graduação e também a pós-graduação strictu - sensu estão inseridas no que Anísio Teixeira (1900 - 1971) considerava uma função da Universidade: preparar profissionais para as atividades científicas, intelectuais e técnicas; possibilitar ao sujeito uma interatividade com o saber e a sua busca; desenvolver o saber humano por meio de pesquisas, o que conseqüentemente provoca o seu aumento; e possibilitar a transmissão da cultura. Nesse contexto é que a formação acadêmica torna-se relevante. A produção de conhecimentos sistematizados, sofisticados e elaborados tem a intenção não só de contribuir para a inserção, hoje, dos países no mundo globalizado, na era da "sociedade do conhecimento tecnológico", mas, como afirmei acima, de formar "sujeitos". Essa dimensão é parte da e função da Universidade, que não desconsidera o saber extra; antes de tudo, trabalha incessantemente com ele.
No entanto, é preciso considerar que essas funções têm sido atravessadas pelos interesses do mercado. Ao exigir um profissional mais "qualificado" nos seus moldes, o mercado e nele as empresas têm imprimido uma lógica de desconstrução do papel da Universidade, centro que produz ensino, pesquisa e extensão. A concepção de formação aligeirada dos cursos tecnológicos, com menor duração, tem invadido a proposta de formação dos sujeitos no nível superior de formação integral. É preciso ponderar que tais cursos, com suas propostas, não devem ser desconsiderados, pois atendem a uma demanda de indivíduos que já atuam no mercado de trabalho. Porém, tal proposta não deve e não substitui os cursos existentes na Universidade, cuja formação deve ser integral, e nela a formação profissional. Essa formação integral exige investimentos, tempo e por isso as exigências atuais do mercado não podem desqualificar, tampouco substituir tal proposta de educação formal. A exigência de sujeitos qualificados - é importante considerar "qualificado" como uma palavra polissêmica [vários sentidos], pois ela parte de princípios que não são uniformes - faz parte da sociedade atual. Em época em que as políticas públicas brasileiras para o ensino superior permitem que tal nível de ensino se torne um espaço de obtenção de lucros, com aumento de faculdades e instituições que apresentam uma formação "fácil, aligeirada", apresentado-se como fábricas de certificados, é importante que se considere a obtenção dos títulos (mestrado e doutorado) não no conceito de qualificação do mercado, mas como afirmação do que disse acima, formação não só profissional, mas intelectual e cientifica, que possa contribuir para o desenvolvimento econômico, social e político, em específico de um país e de um estado como o nosso, com desigualdades econômicas e sociopolíticas.

Blog: Nesse contexto, fale-nos um pouco acerca do Mestrado em Educação do Cedu/Ufal e das linhas de pesquisa.

Tiago Leandro: O curso de Mestrado em Educação da Universidade Federal de Alagoas/CEDU é um curso essencial na formação de pesquisadores no estado de Alagoas, que tem os piores índices (IDEB - ENEM) educacionais do Brasil. Nesse sentido, o mestrado em educação tem o dever principal de contribuir para a formação de sujeitos, professores e pesquisadores, que possam propor políticas educacionais visando à melhoria da qualidade da Educação em Alagoas, interferindo com ações em nossa realidade educacional, em específico da Educação Básica. O nosso programa conta com 4 (quatro) linhas de pesquisa: Educação e Linguagem; Processos Educativos; História e Política da Educação; Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação. Possui, ainda, uma estrutura que conta com laboratórios e uma biblioteca setorial. É um programa em amadurecimento e expansão. Na avaliação da CAPES, ano passado tivemos um aumento da nota para 4 (quatro), o que nos possibilita, ano que vem, já entrarmos com o pedido do curso de doutorado. Isso será um ganho para Alagoas, já que muitas vezes os profissionais da educação têm que sair para outros estados para cursarem o doutorado. Hoje, também, temos uma parceria com a UNEAL, formando professores desta instituição, com uma turma de 20 alunos. Isso só reafirma o compromisso do CEDU e do PPGE com a Educação em Alagoas. É evidente, porém, que, sem o apoio e uma política agressiva da Universidade Federal de Alagoas para a Pós-Graduação, tais esforços poderão ser minimizados. E nisso precisamos avançar.

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