sábado, 18 de setembro de 2021

TIC, TDIC ou TD? Que sigla usar?

Na ocorrência da defesa de minha tese, em 12 de março de 2015, eu apresentava uma situação em relação à terminologia específica sobre as “tecnologias”. Vamos rever?

Nesta conjuntura da aceleração que permeia toda a sociedade, os avanços tecnológicos têm proporcionado desenvolvimento significativo e direto em diversas áreas, seja nas Ciências Aplicadas, nos meios de produção, como também nos processos que envolvem a educação. Uma das grandes possibilidades de crescimento que estes avanços têm proporcionado concentra-se na possibilidade de utilização de vários recursos das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) em atividades ou ambientes educacionais.

Estas tecnologias digitais estão cada vez mais presentes no nosso dia a dia, como celulares e smartphones, tablets e computadores, netbooks e notebooks conectados a internet. Apesar da inclusão do sinal digital para a TV, não consideramos esta tecnologia em nossa pesquisa, observando que esta realidade ainda não está totalmente concretizada nos espaços escolares. Além do fato de que, observando que no “mundo” ao redor das escolas, existe um desenvolvimento científico e tecnológico mais evidente e efetivo do que ocorre nas instituições escolares, marcadas por tradições e rituais, de ensino, avaliação e aprendizagem.

As TDIC podem ser compreendidas como as tecnologias que se baseiam em sistemas computacionais e conexão com a internet como características, diferenciando-se das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) exatamente pela presença do digital, mas não sendo seu único elemento que lhes distingue das TIC. Outro elemento significativo das TDIC concentra-se na possibilidade do tráfego de informações nas mais diferentes mídias e redes, como também a sua convergência (STRAUBHAAR e LAROSE, 2004; BUCKINGHAM, 2012b), o que ampliou a velocidade de emissão da informação, como também seu alcance geográfico, consequentemente promovendo novas relações da sociedade com a informação. Tendo em vista as mudanças tecnológicas para o digital, em detrimento do analógico, opta-se a partir deste ponto do texto, pelo emprego de TDIC, mesmo que os autores pesquisados originalmente tenham usado a perspectiva das TIC em suas pesquisas e estudos, que ainda sinalizam para artefatos analógicos. (PIMENTEL, 2015, p. 21-22).

Essa miscelânia de terminologias e siglas pode confundir um pouco. A área da Educação, inclusive os documentos oficiais (ver a Portaria do MEC nº 2.117, de 6 de dezembro de 2019), tem utilizado Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

Na questão do uso do “s” ao final da sigla... isso é uma grande controvérsia entre os linguistas. De um lado estão aqueles que seguem a recomendação de um mestre consagrado (Napoleão Mendes de Almeida - Dicionário de Questões Vernáculas, 1981), que defende o uso do "s" ao final das siglas que designam o plural. De outro lado estão aqueles que seguem a recomendação dos portugueses, ao indicarem que as siglas não recebam essa desinência de plural.

Teremos então uma pluralidade de siglas: TIC, TICs, TDIC, TDICs..., que podemos encontrar nos variados textos científicos, normativos ou de divulgação científica. Inclusive poderemos até encontrar o uso de siglas erradas: TIC’s ou TDIC’s (nunca use estas).

No entanto, em nosso grupo de pesquisas estamos levando em conta uma outra realidade: estas tecnologias não são somente de informação e comunicação. Elas possibilitam muito mais. Elas são de interação, colaboração, cooperação, dentre outras... sendo assim, convencionou-se referir somente Tecnologias Digitais (TD), sendo que as demais características surgem justamente da apropriação que se fará dessas tecnologias. Há, inclusive, uma compreensão epistemológica para este uso de TD, em uma perspectiva dialógica, sociointeracionista e conectivista.

Outro cuidado que precisamos ter é ao nos referirmos às tecnologias. Quando dizemos “tecnologias”, o que queremos dizer? Qual o conceito de tecnologias? Para refletir um pouco sobre o conceito de tecnologias, sugiro a leitura de Álvaro Vieira Pinto.



Referências

BUCKINGHAM, D. Más allá de la tecnología: aprendizaje infantil en la era de la cultura digital. Buenos Aires: Manantial, 2012b.

PIMENTEL, F. S. C. A aprendizagem das crianças na cultura digital. 2015. 201 f. Tese (Doutorado em Educação) – Centro de Educação, Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2015.

PINTO, Á. V. O conceito de tecnologia. Vol. 1. Rio de Janeiro: Contraponto, 2005.

STRAUBHAAR, J.; LAROSE, R. Comunicação, mídia e tecnologia. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2004.

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