terça-feira, 9 de setembro de 2008

Quem sou eu? Quem somos nós?

Parece-me que mais uma vez vamos ficar diante destas questões filosóficas: quem sou eu? quem somos nós?

Veja a notícia veiculada no programa dominical Fantástico, da Rede Globo:


Máquina vai reproduzir o início do universo

A maior máquina já produzida pelo homem tem 27 quilômetros.

Uma revolução científica está com data marcada para acontecer: na próxima quarta-feira começa a funcionar no Cern, o Centro Europeu de Pesquisas Nucleares, a maior máquina já construída pela mão do homem. É possível que você já tenha ouvido falar no Cern - é lá que se passa boa parte da história de "Anjos e Demônios", livro que deu origem ao personagem principal do filme "O código Da Vinci", interpretado pelo ator Tom Hanks. E não é a primeira vez que um novo capítulo da história da ciência acontece por lá.
O primeiro servidor da Web, a internet que hoje é parte inseparável de nossas vidas, começou a funcionar na fronteira da França com a Suíça, em 1989, no Cern.
"Os físicos precisavam compartilhar suas informações. E por isso desenvolvemos esse sistema que hoje se tornou essa coisa que todo mundo conhece, o www", conta Eduardo Gregores, físico da UNESP.
Agora, o Cern está a um passo de fazer história novamente. O motivo é um tubo circular de 27 quilômetros. A maior máquina já produzida na história da humanidade, batizada de LHC.
O físico inglês John Ellis, uma das grandes cabeças do Cern, faz uma comparação para explicar o que é o LHC: é como se fosse o maior microscópio já construído. Graças a ele, cientistas vão poder examinar partículas de matéria com uma riqueza de detalhes jamais vista.
Mas ao mesmo tempo, diz Ellis, o LHC é como se fosse também o maior telescópio do mundo, porque a partir da análise das informações produzidas aqui, cientistas vão poder entender o que se passa nos locais mais distantes do universo.
O LHC é, na verdade, um acelerador de partículas, um gigantesco tubo onde pedacinhos de matéria serão postos para girar.
"São três trilhões de partículas dando 10 mil voltas por segundo durante vários e vários dias”, explica Inácio Bediaga.
Você pisca o olho e essas partículas dão 10 mil voltas nos 27 quilômetros do tubo. E, de repente, acontece aquilo que os cientistas mais esperam: partículas se chocam e, com a violência do impacto, se desfazem.
Nesse instante, a matéria retorna ao estado original: volta a ser como era logo depois do Big Bang, a grande explosão que deu origem ao universo.
Os cientistas se comportam como crianças curiosas, diz John Ellis, que gostam de quebrar as coisas para descobrir o que tem dentro.
E quando isso acontecer, a partir desta semana, cientistas esperam a resposta definitiva para a grande pergunta: afinal, nós sabemos mesmo do que é feito o mundo e tudo o que existe? Em algum ponto os pedacinhos microscópicos de matéria param de se dividir?
John Ellis diz que espera encontrar a peça que falta desse quebra-cabeças: a única partícula que ainda não foi detectada experimentalmente, chamada bóson de higgs. Se conseguirem descobri-la, a ciência pode comemorar: tudo o que entendemos da matéria do mundo até aqui está certo.
Responder a essas perguntas significa responder quem somos, significa entender qual é a nossa própria origem; e qual o nosso lugar no vasto universo em que vivemos.
“Nós somos constituídos dessa mesmíssima matéria. Uma molécula de água tanto do seu corpo quanto uma molécula de água num rio. Mostram que nós somos parte exatamente desta natureza, das mesmas coisas”, explica Alberto Santoro, físico da UERJ.

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Se somos da mesma matéria, o que explica nosso descaso com os outros? O que explica nossa indiferença para com nossos semelhantes e para com o planeta em que vivemos?



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