O Natal existe?
Se encerrei a meninice, ele existe?
Se cobri os ouvidos para os amores, ele existe?
Se adormeci para as dores vizinhas, ele existe?
Se o fingimento rasgou a minha pele, ele existe?
Existe,
Quando consigo alcançar todos os meus amigos
Com os afagos que eles merecem.
Quando apago as velhas zangas
E deito, num tom macio de vozes sinceras,
Toda a esperança nas francas melodias de carinho.
Se apago as cinzas da cobiça
E esvazio a indiferença,
O Natal se faz inteiro e infalível;
Se espanto o egoísmo
E acelero a fé,
O Natal, esse perfume de apego,
Afiança sua firme existência.
Apenas
O olhar afável,
O gesto atento, a força da ternura
E a esplêndida sabedoria dos simples
Revelam que o Natal não é uma data,
Mas um depoimento generoso dos amantes.
Tomara que eu acorde numa manhã ardente
E descubra que o Natal
É o ruído da Grande Paixão:
Eu existo para os outros. Eu não me pertenço!
(Osvaldo Epifanio, PIFE)
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