sexta-feira, 27 de março de 2009

Acrobata da Dor


Acrobata da Dor
(Cruz e Souza)

Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta ...


Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pela construção do poema, no entanto, apesar das palavras de ordem serem risos, me pareceu mais um texto de quem está doente, daí consegui ligar o título ao texto.