sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Ipod vira professor fora da sala de aula

Do site: G1. Notícias
Alunos nos EUA acessam podcasts e apresentações de aulas anteriores. Resumos são produzidos pelas próprias escolas, para facilitar estudo.

ANNE EISENBERG Do New York Times

Um estudante e o seu iPod. Ele pode estar tirando alguns minutos para relaxar ouvindo música, mas pode também estar revisando uma complicada aula de química. Hoje, os alunos que têm dificuldade para entender alguma matéria na primeira vez podem ter uma segunda chance. Depois da aula, podem transferir as informações para seus laptops ou tocadores de MP3 e escutar novamente o que o professor disse, ao mesmo tempo em que observam slides ilustrativos do conteúdo passado. Pelo menos duas empresas atualmente estão vendendo softwares para universidades e outras instituições capazes de captar as palavras das aulas na classe e sincronizá-las com imagens digitais usadas durante a exposição – normalmente, animações e slides em Power Point. As aulas ilustradas são armazenadas em um servidor para que os alunos possam recuperá-las e reproduzir o conteúdo no ônibus a caminho de casa, por exemplo, clicando na seção exata que precisam revisar. Na hora de afiar os estudos, os serviços de reprodução superam o mero escutar de uma gravação em cassete de uma aula, disse Nicole Engelbert, analista da Datamonitor, empresa de pesquisa de marketing de Nova York. "Os alunos já têm iPod e já o utilizam o tempo todo", disse ela. "Não é preciso treiná-los."

Os professores, que têm menos conhecimento sobre tocadores de MP3 do que os alunos, não ficarão em desvantagem porque os sistemas exigem mínimas habilidades técnicas para serem operados. "As melhores soluções de gravação de aulas simplesmente requerem que o professor use microfone e aperte um botão para iniciar a gravação", explicou ela. "É fácil de usar." Muito antes dos arquivos de áudio, é claro, os alunos "gravavam as aulas" tomando notas, mas até os mais rápidos na caneta podiam acabar não acompanhando o ritmo quando a aula continha muitos detalhes ou o professor falava muito rápido. A nova tecnologia pode ajudar esses alunos, sobretudo no caso de longas aulas expositivas. "No entanto, isso não faz sentido necessariamente em todos os grupos", explicou Engelbert, "por exemplo, em um ambiente mais colaborativo como uma aula de redação avançada que envolva bastante debate." A University of Central Florida adotou o sistema de gravação de aulas da Tegrity, empresa sediada em Santa Clara, na Califórnia, na faculdade de engenharia e ciência da computação em Orlando para gravar todas as sessões de cerca de 300 aulas por ano freqüentadas por mais ou menos 2.500 alunos, segundo o vice-reitor Alfred Ducharme. O software da Tegrity indexa em um banco de dados todas as palavras exibidas na tela do computador durante as aulas. "Os alunos não precisam revisar a aula inteira", disse ele. "Eles podem digitar palavras-chave no computador, fazer uma pesquisa, igual à que fazem no Google, e abrir a palestra naquele ponto exato."

Questão de hábito
Isaac Segal, presidente da Tegrity, explicou que suas taxas se baseiam na quantidade de alunos da instituição ou departamento. As taxas anuais normalmente variam de US$ 25 mil a mais de US$ 100 mil, de acordo com ele. Das 90 instituições que agora usam o Tegrity, cerca de metade possui instalações atendendo o campus inteiro. Ronald Danielson, vice-reitor da Santa Clara University, que adquiriu uma licença da Tegrity, disse que os alunos usam o sistema de revisão com eficiência. "Já estão super habituados a clicar para trás e para frente até chegar ao ponto exato que desejam", disse ele. "Não escutam tudo novamente do princípio ao fim." A Purdue University, em West Lafayette, Indiana, planeja usar um aplicativo de software da Echo360, sediada em Sterling, Virginia, que grava aulas e slides ilustrativos para reprodução em iPods, iPod Touches, Zunes e outros aparelhos, contou Edward J. Evans, diretor executivo interino da Purdue no departamento de tecnologias de ensino e aprendizagem. A universidade testará o programa em cerca de cinco aulas em janeiro, como ele conta, e espera ampliar a implementação para 300 salas de aula até o meio do ano que vem. A Echo cobra US$ 10 mil das universidades por uma licença local anual para podcasts somente em áudio e US$ 20 mil para podcasts avançados com recursos visuais, contou Mark Young, vice-presidente e gerente geral sênior. Em janeiro, a Echo lançará um novo serviço de podcast por US$ 50 mil que inclui exibições dinâmicas como animações de computador.

Dever de casa
A pressão para comprar o software de gravação de aulas foi feita sobretudo por alunos que precisam estudar longe da escola, durante viagens intermunicipais da faculdade para casa, por exemplo, disse Bryan Vandiviere, coordenador de tecnologia de apresentação na web da Kansas State University, que adquiriu uma licença da Tegrity. Laura Martho, aluna do El Centro College, em Dallas, acha que o serviço de reprodução é inestimável. Martho, que tem quatro filhos, viaja 45 minutos para ir e 45 para voltar, quatro dias por semana, para um hospital para realizar trabalhos clínicos em ecocardiologia. Durante a viagem, ela conecta o iPod ao rádio do carro para revisar as aulas e confere os recursos visuais no horário de almoço. "Cada segundo é precioso", disse ela. Limor Raz, doutoranda da Faculdade de Medicina da Geórgia, em Augusta, revisa as aulas de neurociência pelo computador. "Não dá pra explicar o quanto isso me ajudou na preparação para as provas", ressaltou ela. "Existe uma diferença enorme entre assistir a uma aula uma vez e assisti-la várias vezes. Neurociência não é exatamente uma matéria fácil. Pode acreditar, é super puxado." Mas Danielson, da Santa Clara, disse que nem todo mundo no campus ficou satisfeito com os novos sistemas. "Alguns professores estão preocupados com o fato de momentos menos ilustres de suas aulas ficarem gravados para a posteridade", disse ele.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito interessante o texto.. É bom frisar que esse método de educação não substitui o já usado.. Que é o velho giz no quadro negro (ou pincel no quadro branco) como queiram.. E sim é um grande auxílio como COMPLEMENTO de aprendizado do aluno. No qual usando da tecnologia consegue adquirir um pouco mais dos seus conhecimentos ou aprofundar-se nos mesmos. Como foi dito no texto, os professores agora terão que limitar suas "palavras" porque quer queira quer não tudo o que eles falarem será gravado..
Minha irmã utiliza de recurso similar a este apresentado no texto.. Grava as aulas pelo mp3 e acompanha com os slides PPoint dos professores, no qual tem ajudado muito a ela em seu aprendizado.


Bom texto!

Abraços irmão!