Como estamos chegando ao IV EPEAL, e como teremos um mini-curso voltado para o estudo dos blogs como interfaces educacionais, resolvemos disponibilizar uma parte do artigo que escrevemos em 2008 e que nos apresenta alguns elementos significativos e que iremos abordar no mini-curso.
Blogar ou não blogar?!
Desde a criação, em 1991, por Tim Berners Lee, e a divulgação, em 1996, por Dave Winer (ambos disputam o título de pai dos blogs), o weblog, ou simplesmente blog, tem sido utilizado por milhares de usuários da Rede WWW como uma interface comunicacional, variando seus estilos e suas propostas e às vezes fugindo de sua idéia original: a de ser um diário pessoal na Internet.
Ao campo educacional, o blog incorpora-se gradualmente e chega hoje a integrar vários portais educacionais e ambientes virtuais de aprendizagem, como o Moodle, o e-Proinfo, o Portal Educacional, entre outros.
Um weblog tem-se revelado uma interface que aproxima os professores de seus alunos e que promove o aprendizado. De acordo com pesquisa feita, em 2007, pela revista Época, e publicada na Internet em 09/02/2007, o blog apresenta as seguintes vantagens:
Aproxima professores e alunos. Os estudantes tendem a se identificar com o professor blogueiro. Se o aluno cria um blog, os professores têm um espaço a mais para orientar o aluno.
Permite maior reflexão sobre o conteúdo: quando o professor blogueiro expõe sua opinião, está sujeito a críticas e elogios. Com isso, reflete sobre seu trabalho e estimula mais o pensamento dos alunos acerca do tema proposto.
Mantém o professor atualizado: o professor blogueiro busca em outros sites e blogs informações para compartilhar com os alunos. Isso o coloca em permanente reciclagem.
Cria uma atividade fora do horário de aula: o estudo não fica restrito aos 45 minutos de sala de aula. Com o blog, o professor instiga os alunos a estudarem mais. No blog, eles buscam desafios, exercícios e gabaritos.
Traz experiências de fora da escola: o blog abre as atividades da escola para pessoas de outros colégios, cidades e até países colaborarem. Isso amplia a visão de mundo da turma.
Divulga o trabalho do aluno e o do professor: as produções do aluno ou as do professor podem ser vistas, comentadas e conhecidas por qualquer internauta do mundo. Isso é um incentivo para alunos e professores se dedicarem.
Permite o acompanhamento: com os blogs, os pais podem monitorar as atividades escolares dos filhos, além de ter acesso ao que o professor está ensinando. Isso não é possível com as aulas.
Ensina linguagem digital: ao montar blogs, alunos e professores passam por um processo de "alfabetização digital" e aprendem a fazer downloads e outros recursos, para navegar com facilidade.
Segundo Soares, um blog é
uma página web atualizada freqüentemente, composta por posts (entradas compostas por textos, fotos, ilustrações, links) que são armazenados em ordem cronologicamente inversa, com as atualizações mais recentes no topo da página. São muito fáceis de serem criados. Podem ser espaço para observações do cotidiano, mural de recados, laboratório de experimentações literárias, depósito de links curiosos, relicário de agruras sentimentais, diário de viagem ou tudo isso ao mesmo tempo.
Os blogs destinados à educação ou idealizados, moderados e mantidos por educadores podem seguir duas concepções:
Blog aberto: os alunos participam da construção do blog, inclusive sugerindo temáticas ou escrevendo os posts (postagens).
Blog fechado: nesta concepção, o professor tende a utilizar o blog numa lógica seqüencial, seguindo o programa da disciplina ou do curso. Aqui, os alunos interagem por meio dos comentários, das postagens.
O que direciona para uma concepção ou para a outra é a intencionalidade e a filosofia educacional do professor. É o seu entendimento sobre educação e sobre o processo de construção do conhecimento, pois, que vai determinar se e como ele usará o blog.
Além das vantagens apresentadas, o blog serve como interface de avaliação da aprendizagem, já que – por meio dele – o professor pode acompanhar a evolução do aluno em um determinado período ou em uma determinada disciplina.
Para Oliveira (2006, p. 342),
o blog cumpre seu papel de achar-se disponível ao processo avaliativo, respondendo, na ponta, por uma decisão político-pedagógica das instituições escolares, de inseri-lo de forma estruturante – como mais uma entre as muitas fontes existentes de recursos hipertextuais – ou de, mantendo-se na lógica de ensino aprendizagem linear, tradicional, também ser incorporado à vida escolar. Qualquer que seja o modelo implementado, o blog estará pronto para exercer o seu potencial de interface colaborativa, hipertextual, interativa, dinâmica, inclusiva, capaz de ajudar a promover, com qualidade, os objetivos didáticos propostos pela escola.
O aluno usuário do blog é aquele que, segundo Palloff e Pratt (2004), difere do aluno da modalidade presencial. Ele está conectado com a realidade ao seu redor, buscando entender as próprias características de um mundo globalizado, conectado e de relações líquidas (Bauman).
Referências
SOARES, M. O BLOG: conceito e uso pedagógico. Disponível em: http://teiaeducom.blogspot.com/2005/12/o-blog-conceito-e-uso-pedaggico.html. Acesso em 20 de outubro de 2008.
OLIVEIRA, R. Aprendizagem mediada e avaliada por computador: a inserção dos blogs como interface na educação. in: SILVA, Marco e SANTOS, Edméa. Avaliação da aprendizagem em educação online: fundamentos, interfaces e dispositivos, relatos de experiências. São Paulo: Loyola, 2006.
PALLOFF, R. e PRATT, K. O Aluno Virtual. Trad. Vinícius Figueira. Porto Alegre: Artmed, 2004.
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EDG76347-6014-456,00.html
COMO REFERENCIAR ESTE TEXTO:
PIMENTEL, F.; BRANDAO, Y.. Da pessoalidade para a formação cidadã de alunos: a experiência de um blog como espaço democrático. Trabalho apresentado na Linha de Pesquisa Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação do III Encontro de Pesquisa em Educação de Alagoas, em dezembro de 2008, Maceió-AL. Disponível em:
http://cid-614b6cafcf976efa.skydrive.live.com/self.aspx/P%c3%bablico/Blog%7C_e%7C_Democracia%7C_%7C_Epeal%7C_.pdf