terça-feira, 18 de março de 2008

Educação a Distância (EAD) de Qualidade

Educação A Distância (EAD) de Qualidade

A Educação a Distância é uma modalidade de educação que implica numa dimensão paradigmática que vai além das perspectivas que a modalidade presencial dispõe.

Caracterizada principalmente pelo fato deque seus interlocutores podem ou não estar no mesmo espaço físico ou em contato ao mesmo tempo, a educação a distância precisa ser entendida como uma modalidade que necessita de correspondentes pedagógicos que possam suprir as necessidades deste tipo de educação. Quando isso não acontece, quando docentes e discentes desejam aplicar a mesma metodologia de ensino/aprendizagem, o que temos é um desencontro de objetivos e a EAD não se efetiva, perdendo inclusive sua qualidade.

Para que possamos perceber as diferenças entre as duas modalidades, e buscando delinear um perfil de EAD de qualidade, o Parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) nº 41/2002 apresenta alguns “pressupostos básicos” para uma EAD que seja de qualidade, atingindo seus objetivos. A seguir, apontamos alguns elementos (características) dos pressupostos delineados pelo Parecer CNE nº 41/2002:

Relação professor (tutor)-aluno

A relação do professor (aqui muitas vezes identificado pelo nome de tutor) com os alunos é totalmente diferente com a realidade da modalidade presencial, já que na EAD o contato físico, o encontro presencial, pode ou não acontecer. O papel do educador muda, e isso implica numa mudança de paradigma, tirando totalmente o foco do professor no processo educacional, permitindo ao próprio professor
a tomada de consciência de que o papel do educador não é necessariamente o de provedor de
informações, mas principalmente de orientador e parceiro na aprendizagem e novas
descobertas, respeitando as idéias e estilos de trabalho dos alunos.
(ALMEIDA e PRADO. 2003. p. 76) [1]

O professor deixa de ser aquele que tudo sabe para ser aquele que acompanha o aluno nas suas descobertas, na sua caminha de construção e reconstrução do conhecimento. E como nos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA) os recursos e as possibilidades são diversas, o professor no processo de EAD precisa saber adequar os alunos nas diversas realidades educacionais as quais ele vai se deparar, ajudando-o inclusive a romper com os preconceitos e paradigmas que normalmente os discentes trazem do modelo presencial.

Instituição responsável

Outro elemento, muito importante, é a necessidade de uma instituição que dê credibilidade ao curso, inclusive pelo suporte técnico e pedagógico que certifique a continuidade e finalização do curso.

Uma instituição que se predispõe a ofertar cursos on-line precisa estar aparelhada com os recursos tecnológicos suficientes para oferecer ao aluno uma amplidão de oportunidades para o aprendizado, já que nem todos aprendem da mesma forma e no mesmo ritmo. Quanto a equipe de técnicos, pedagogos, professores e tutores, a instituição precisa se certificar que sua equipe poderá atender aos alunos com a prontidão e eficiência que a EAD exige.

Utilização de meios de comunicação

A EAD exige que as mídias sejam articuladas e disponibilizadas de tal forma que o conteúdo e a metodologia possam tingir o maior número de alunos no menor espaço de tempo possível, sem massificar e ao mesmo tempo oportunizando uma integração entre alunos e professores, alunos e alunos como também entre os próprios professores.

Com o avanço da tecnologia não há como, num curso de qualidade na modalidade de EAD, abrir mão da utilização de tudo aquilo que se oferece, desde os mais comuns recursos (fotocópias, rádio, etc) até os meios mais avançados (iFone, iPod, etc).

Conteúdos

O Parecer do CNE nos remete a um dos grandes entraves da educação. Como não ser apenas conteudista? Como fugir do paradigma do “despejar” conteúdos nos alunos?

Na modalidade da EAD os conteúdos devem estar dispostos de forma que os alunos, onde estiver, possa interagir, reconstruir e reavaliar os próprios conteúdos. Não se trata mais de uma questão de repassar aquilo que se aprendeu. Trata-se de oferecer aos alunos um assunto que o desperte para buscar ainda mais, que o motive a continuar nos seus estudos ao mesmo tempo em que lhe ofereça bases sólidas na sua formação.

Chega então o momento de se ter toda uma equipe que seja responsável pela organização do conteúdo de forma multidisciplinar ou transdisciplinar.

Formas de comunicação para assistência ao aluno

E o aluno, como fica neste processo de educação a distância? O próprio Parecer do CNE nos indica que “uma das máximas da educação a distância é que o aluno não pode sentir-se isolado”.
Cabe a instituição, a equipe de professores e tutores a responsabilidade pela continuidade do aluno no AVA, o que exige INTERATIVIDADE, disponibilidade, tempo e capacidade de motivar e impulsionar os discentes. Neste sentido, para que haja assistência concreta ao alunado, é necessário que exista interesse por parte da equipe pedagógica – interesse que vai além do comercial, mas que entende o processo educacional da EAD como uma possibilidade incomensurável para atingir muitas pessoas, e tantas delas até mesmo distantes dos grandes pólos comerciais e educacionais.

Avaliação

Finalizando os pressupostos básicos lançados pelo Parecer, a avaliação é apontada não como uma atividade em si mesma, mas como um meio para que os alunos possam acompanhar o seu desenvolvimento e crescimento no curso que está realizando.

Para que os alunos possam então acompanhar seu desempenho as avaliações precisam permear todo o processo pedagógico, não sendo apenas pontual, mas processual, contínua, formativa e estimuladora (ao contrário dos velhos modelos castradores e desmotivadores que muitas vezes encontramos no modelo presencial).

Aqui cabe recordar que o processo, o material, a equipe (pedagógica, tutores e técnica) e as ferramentas utilizadas no percorrer do curso precisam ser avaliadas. Inclusive deve-se questionar se as ferramentas utilizadas estão facilitando aos alunos no processo de aprendizagem, como também se estão facilitando ao tutores no acompanhamento, nas intervenções e nas orientações pertinentes do processo de construção e reconstrução do saber.
Como vimos, a modalidade de educação a distância – para ser considerada de qualidade – exige muito mais que o modelo presencial, e que a sua implementação precisa ser feita de forma ponderada, cautelosa, estudada e amparada por pesquisa e desejo.

[1] ALMEIDA e PRADO, Maria E. B. B. , Redesenhando Estratégias na Própria Ação: Formação do Professor a Distância em Ambiente Digital . In.:ALMEIDA, Maria Elizabete de. Educação a Distância na Internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. São Paulo: PUC-SP. 2003.

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