domingo, 26 de outubro de 2025

Escrever uma dissertação: o exercício formativo de produzir conhecimento

Escrever uma dissertação é mais do que cumprir uma exigência acadêmica. É um exercício de pensamento científico, um processo de formação intelectual e ética que conduz o pesquisador a compreender o mundo com rigor, método e sensibilidade. No percurso de uma dissertação, o estudante de mestrado aprende a se mover entre a teoria e a realidade, entre o que já se sabe e o que ainda precisa ser descoberto.

A dissertação é, por excelência, o registro de uma investigação construída com propósito. Nela, o pesquisador formula uma pergunta relevante, mobiliza referenciais teóricos, define estratégias metodológicas e analisa dados para produzir respostas fundamentadas. Cada etapa desse percurso tem sua função, mas todas se articulam em torno de um mesmo eixo: a produção de conhecimento novo, consistente e socialmente significativo.

Muitas vezes, os pesquisadores iniciantes acreditam que o referencial teórico serve apenas para “mostrar” domínio de leitura ou familiaridade com determinados autores. Essa é uma compreensão limitada. O referencial teórico não é um adorno, nem um capítulo isolado: é a lente pela qual o pesquisador enxerga o fenômeno estudado. É ele que orienta o olhar, ajuda a formular as perguntas certas, organiza a interpretação e sustenta o diálogo entre os dados empíricos e o campo conceitual da pesquisa.

Por isso, na análise dos dados, a teoria precisa estar viva. É à luz do referencial teórico que o pesquisador compreende o que os dados revelam (ou silenciam), identifica padrões, contradições e sentidos. A análise não é um exercício de descrição, mas um processo interpretativo que busca responder à pergunta da pesquisa, atestando ou confrontando hipóteses, e conduzindo à construção das conclusões. Em outras palavras, é no diálogo entre dados e teoria que o conhecimento científico se concretiza.

Uma dissertação bem escrita, portanto, não é aquela que apenas segue uma estrutura formal (introdução, referencial, metodologia, resultados e considerações finais), mas aquela que mantém coerência entre todas as partes, evidenciando um pensamento articulado. Ela mostra que o pesquisador compreende o seu tema, domina as ferramentas teóricas e metodológicas e, sobretudo, é capaz de produzir uma leitura original da realidade.

Escrever uma dissertação é, afinal, um gesto de autoria intelectual. É o momento em que o pesquisador se reconhece como parte da comunidade científica e se coloca em diálogo com outros estudiosos, contribuindo, à sua maneira, para o avanço da reflexão e da prática educacional. 



sexta-feira, 24 de outubro de 2025

I Simpósio Alagoano de Pesquisa em Ensino

 


Venha participar do primeiro grande encontro dedicado à reflexão, diálogo e fortalecimento da pesquisa em ensino em Alagoas!

📅 31 de outubro e 1º de novembro de 2025
📍 UFAL e Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso
🎓 Realização: Universidade Federal de Alagoas – CEDU/UFAL


🔹 31 de outubro | Sexta-feira

📍 Auditório do CEDU/UFAL
A partir das 10h

OFICINAS:

  1. Do Paper à Prática – Estratégias de Popularização e Impacto Social da Pesquisa

  2. Entre Letras e Algoritmos: O Poder da Escrita Criativa e Colaborativa com IA

📍 Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso
A partir das 18h

PALESTRA DE ABERTURA:
🗣️ A Pesquisa em Ensino no Brasil: Desafios e Perspectivas


🔹 1º de novembro | Sábado

📍 Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso
A partir das 9h

LANÇAMENTO DE LIVROS:

  1. Grupo de Pesquisa em Educação em Ciências e Tecnologias Afro-Latino-Americanas

  2. Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ensino e Formação de Professores – UFAL

MESA REDONDA:

  1. Formação de Professores e Ensino de Ciências

  2. Desafios do Ensino da Matemática na Sociedade Contemporânea

PALESTRA DE ENCERRAMENTO:
🗣️ Ser Pesquisador/a em Ensino no Cenário Atual: A Visão dos/as Egressos/as da Renoen/UFAL


📢 Participe e contribua para o fortalecimento da pesquisa em ensino em Alagoas!
💬 O evento é aberto à comunidade acadêmica, pesquisadores/as e interessados/as em educação e inovação.

O I Simpósio Alagoano de Pesquisa e Ensino (I SIMAPE) é uma iniciativa do Programa de Doutorado em Ensino da Rede Nordeste de Ensino (Renoen/Ufal), idealizada para fortalecer a reflexão e o diálogo entre pesquisa, prática docente e formação de professores nas diversas áreas do conhecimento, se realizará no município de Maceió - AL, com atividades distribuídas entre o Auditório do Cedu/Ufal e o Centro de Convenções.

Inscrições e outras informações em: https://doity.com.br/i-encontro-alagoano-de-pesquisa-em-ensino-de-cincias-e-matemtica-currculo-cultura-e-prticas-transfor


terça-feira, 21 de outubro de 2025

A concepção de presencialidade no novo marco regulatório da EaD

 


Na próxima semana estarei participando do 6º Congresso Nordestino de Educação a Distância, onde apresentarei a palestra virtual “A concepção de presencialidade no novo marco regulatório da EaD”.

Nesta fala, proponho uma reflexão sobre o sentido contemporâneo de presença na Educação a Distância. Discutirei como o novo marco regulatório (2024–2025) amplia o conceito de presencialidade, superando a ideia de que estar presente é apenas ocupar o mesmo espaço físico.

Inspirado por autores como Heidegger, Merleau-Ponty e Levinas, abordarei a presença como ato de relação, diálogo e sentido — uma vivência pedagógica que pode ocorrer tanto em ambientes físicos quanto digitais. A palestra também trará perspectivas sobre:
  • a reconfiguração das proporções entre presencial e EaD nos cursos;
  • o papel da mediação docente e da tutoria ativa;
  • os desafios regulatórios e tecnológicos da EaD contemporânea;
  • e a importância de pensar a presença digital, cognitiva e afetiva como dimensões complementares da aprendizagem.
Convido todos os colegas, pesquisadores e profissionais da educação a participar deste importante momento de debate sobre os caminhos e as transformações da Educação a Distância no Brasil.

📅 Data: 30/10 - 8h30 às 10h
📍 Evento: 6º Congresso Nordestino de Educação a Distância
💬 Tema: A concepção de presencialidade no novo marco regulatório da EaD


“Na educação, a presença não é medida pelo corpo que ocupa o espaço, mas pela consciência que habita o encontro.”

Nos vemos lá!

Mais informações em: https://cnead2025.ifs.edu.br/#inicio

segunda-feira, 20 de outubro de 2025

Lançamento de e-book na 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas

A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas está chegando, e com ela vem um momento muito especial para todos que acreditam no poder da educação e da pesquisa colaborativa!

No dia 8 de novembro, às 16h, no estande da Edufal, acontece o lançamento do e-book “Recursos Digitais Educacionais no contexto dos cursos da Universidade Aberta do Brasil”.

Organizado pelos pesquisadores Fernando S. C. Pimentel e Monique G. A. da Silva, o livro reúne uma coletânea de pesquisas desenvolvidas em diversas universidades brasileiras, trazendo reflexões, experiências e propostas inovadoras sobre o uso de tecnologias e recursos digitais no ensino superior.

O e-book está disponível gratuitamente (https://www.edufal.com.br/Produtos/Detalhes/514877), reforçando o compromisso dos autores e organizadores com a democratização do conhecimento e com a formação docente de qualidade.

A iniciativa é uma realização da @Cied_ufal, com apoio dos grupos de pesquisa @comunidadesvirtuaisufal e @quiciencia, que estarão presentes para receber o público e compartilhar essa conquista.

✨ Você é nosso convidado especial!
Venha conhecer a obra, conversar com os pesquisadores e participar desse momento de celebração do conhecimento e da educação digital.

📅 Data: 8 de novembro
🕓 Horário: 16h
📍 Local: Estande da Edufal, na Bienal Internacional do Livro de Alagoas

Esperamos por você! 💙

quinta-feira, 16 de outubro de 2025

Momento transformador para a educação brasileira

Compartilho aqui o registro que, nos dias 15 a 17 de outubro de 2025, estive presente no campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) participando da 2ª Expo RIEH, evento promovido pela Rede de Inovação para a Educação Híbrida (RIEH) e 1º Encontro de Rede de Ensino Médio do Ministério da Educação (MEC).

A iniciativa integra a política nacional de recuperação das aprendizagens e busca impulsionar a combinação de atividades presenciais com estratégias digitais e inovadoras em âmbito nacional. Durante a abertura oficial do evento, tive a honra de representar o reitor da Ufal na mesa de abertura, contribuindo para as reflexões iniciais sobre os rumos da educação híbrida no país.

Na mesa de abertura, foram discutidos temas centrais para garantir o direito à educação a jovens do ensino médio, bem como os desafios e oportunidades da implementação da modalidade híbrida. A discussão enfatizou que a educação híbrida não compete com o trabalho dos professores, mas amplia o seu alcance, promovendo novos formatos pedagógicos e possibilidades de aprendizagem.



Entre os pontos destacados: 
  • A necessidade de políticas de formação continuada para que docentes possam mediar com segurança ambientes presenciais e virtuais; 
  • O entendimento de que a modalidade híbrida precisa ser planejada com coerência, para oferecer aos estudantes não apenas acesso à sala de aula física, mas também à pluralidade de caminhos que o digital permite; 
  • A relevância da RIEH como estratégia institucional consolidada nos decretos e portarias federais (Decreto n.º 11.079/2022, renovado pelo Decreto n.º 12.391/2025 e Portaria n.º 865/2022), que oferece suporte técnico, estrutural e tecnológico aos sistemas de ensino que aderem à iniciativa. 
Este momento reafirma a importância de estarmos engajados diretamente nas discussões e formulações de políticas públicas que efetivamente impactam a educação brasileira — especialmente em contextos tão transformadores como o híbrido. Estar à mesa mais uma vez representando a Ufal, foi uma responsabilidade que abracei com compromisso, pois acredito que, juntos, podemos alicerçar práticas educacionais mais inclusivas, flexíveis e de qualidade para o futuro do país.

Hoje e amanhã serão realizadas oficinas e debates temáticos que devem aprofundar ainda mais os conceitos e estratégias para implementação local.


domingo, 12 de outubro de 2025

Como a inteligência artificial deve transformar a educação no Brasil?

A inteligência artificial já está presente em quase todos os aspectos da nossa vida — mas como ela deve atuar dentro das escolas e universidades? Estamos preparados para lidar com suas possibilidades e desafios na sala de aula?

A IA pode revolucionar o campo educacional em múltiplas dimensões: do planejamento e gestão das aulas à personalização dos percursos de aprendizagem de cada estudante. No entanto, para que seus benefícios sejam amplamente acessíveis e aplicados de forma ética, segura e transparente, é essencial que o Brasil decida, de maneira coletiva, como incorporar a IA na educação.

Nesse contexto, a consulta pública sobre o “Referencial para o Desenvolvimento e Uso Responsáveis de IA na Educação” surge como uma oportunidade valiosa. É o momento de professores, estudantes, famílias, gestores, desenvolvedores e toda a sociedade contribuírem para a construção de diretrizes que orientem o uso consciente e responsável das tecnologias digitais no ensino.

A participação social é fundamental para estabelecer regras claras, reduzir desigualdades e garantir que a IA se torne uma verdadeira aliada nos processos de ensino e aprendizagem.

Educação de qualidade se constrói com escuta, evidências e colaboração.

👉 Participe da consulta pública! A hora de contribuir é agora. Clique no link abaixo, e participe:

https://brasilparticipativo.presidencia.gov.br/processes/referencialianaeducacao

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Bastidores de um encontro inspirador: gravação do podcast SouTec e Observatório Nacional da Educação Profissional e Técnica

Os dias 1 e 2 deste mês de outubro foram intensos. Foram dois dias de muita atividade, de muito aprendizado, troca de ideias e produção de um material que promete impactar gestores, professores e, especialmente, adolescentes e jovens que estão em busca de seu caminho profissional. A equipe do SouTec, em parceria com o Observatório Nacional da Educação Profissional e Técnica, viveu uma experiência enriquecedora durante a gravação de um novo episódio do podcast, com a participação especial do prof. Dr. Rodolfo Sena e do prof. Dr. Garabed Kenchian.

Entre microfones, câmeras, anotações e boas conversas, o clima foi de curiosidade e entusiasmo. As falas dos professores convidados trouxeram reflexões profundas sobre o papel da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) na formação de cidadãos críticos, criativos e preparados para os desafios do mundo do trabalho.

Ao longo das gravações, discutimos temas que vão desde a importância da orientação vocacional e do autoconhecimento até as transformações nas formas de ensinar e aprender na era digital. A experiência reforçou o compromisso de ambos os projetos — SouTec e Observatório — com a divulgação de conhecimentos e práticas que aproximam os jovens das oportunidades reais de formação e carreira.


O resultado desses dois dias é mais do que um podcast: é um registro vivo de ideias, experiências e inspirações. Um material pensado para orientar quem está no início de sua jornada profissional, ajudando estudantes a identificar cursos e áreas que dialoguem com seus interesses, talentos e sonhos. 

Em breve, os episódios estarão disponíveis. Fique atento — essa conversa está imperdível!

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Reflexões sobre a Universidade Aberta do Brasil: passado, presente e futuro

Nesta última quinta-feira (02/10), tive a oportunidade de participar de uma aula com os mestrandos e doutorandos da UNINTER, sob a condução sempre inspiradora da Profa. Glaucia Brito.


Durante o encontro, compartilhei algumas reflexões acerca do passado, presente e futuro da Universidade Aberta do Brasil (UAB), analisando não apenas o percurso histórico e o contexto legislativo que sustentam essa importante política pública, mas também as perspectivas que se abrem com a chegada do novo marco legal da Educação a Distância (EaD).

A Universidade Aberta do Brasil (UAB), desde sua criação, consolidou-se como uma das principais políticas públicas para democratizar o acesso ao ensino superior, especialmente em regiões interioranas e em municípios com baixa oferta educacional. Com o advento do novo marco legal da Educação a Distância, entretanto, a UAB enfrenta o desafio de reafirmar sua relevância diante de um cenário em que a EaD é cada vez mais ofertada por instituições privadas, muitas vezes em larga escala. Esse novo contexto exige da UAB estratégias para fortalecer seu papel social e diferenciar-se pela qualidade, equidade e pelo compromisso com a inclusão educacional.

Outro desafio central está relacionado à infraestrutura e à inovação pedagógica. O novo marco legal da EaD demanda modelos de ensino que articulem presencialidade, recursos digitais interativos e metodologias ativas de aprendizagem. Para a UAB, que atua em parceria com universidades públicas e polos municipais, isso significa investir em tecnologia, formação continuada de tutores e docentes, além de aprimorar as formas de acompanhamento e avaliação dos estudantes. A sustentabilidade financeira e administrativa do sistema também se coloca como um ponto de atenção, já que a expansão exige recursos estáveis e gestão eficiente.

Mas não podemos deixar de lado o desafio de alinhar-se às novas expectativas sociais e do mundo do trabalho. A UAB precisa não apenas expandir vagas, mas garantir cursos atualizados, conectados às demandas contemporâneas por competências digitais, pensamento crítico e formação cidadã. O novo marco legal oferece oportunidades de modernização, mas também amplia a concorrência e impõe critérios mais rigorosos de qualidade. Assim, o futuro da UAB dependerá da sua capacidade de inovar, sem perder sua essência de política pública comprometida com a democratização do ensino superior no Brasil.

Foi uma experiência riquíssima, marcada pela troca de ideias, pelo diálogo qualificado e pelo aprofundamento teórico proporcionado pelos estudantes e pela mediação da professora. Momentos como este reforçam a importância da reflexão coletiva e crítica sobre os rumos da EaD no Brasil, especialmente em um cenário de constantes transformações tecnológicas e normativas.

Agradeço imensamente pela oportunidade de diálogo e aprendizado. Que possamos seguir fortalecendo os espaços de discussão e pesquisa que sustentam a inovação e a qualidade da educação em nosso país.