Recentemente, retornei a Manaus, uma cidade que habita um lugar especial na minha memória e no meu percurso profissional. Fui visitar o Espaço Curupira, no Instituto Federal do Amazonas (IFAM), e o Bosque da Ciência, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Esses espaços são mais do que instituições de pesquisa e extensão: são territórios vivos de aprendizagem, onde o conhecimento acadêmico encontra a sabedoria popular, a ciência dialoga com a floresta e a educação se revela em suas múltiplas dimensões.
Não foi a minha primeira vez em Manaus. Estive aqui pela primeira vez entre agosto e setembro de 2011, participando de um congresso sobre Educação a Distância (EaD). Mais de uma década depois, é novamente a EaD que me faz retornar. Há uma poética nesse movimento: como se a própria educação, silenciosa e persistente como um rio, me conduzisse de volta a este lugar para revisitar ideias, renovar compromissos e, sobretudo, continuar aprendendo.
Durante a visita, contemplei mais uma vez a grandiosidade do Rio Negro, que aparece na imagem que acompanha esta reflexão. Um rio de presença imensa, aparentemente calmo, mas pulsante de força e vida. Suas águas escuras escondem um mundo de profundidade e diversidade. Ao observá-lo, é impossível não pensar em como a educação também é assim, muitas vezes discreta, silenciosa, mas cheia de potência, transformando o mundo por meio de correntes que não se veem à primeira vista.
Poucos momentos foram tão simbólicos quanto testemunhar novamente o encontro do Rio Negro com o Rio Solimões. Suas águas, distintas em cor, fluem lado a lado por vários quilômetros sem se misturarem completamente, até formarem o imenso Rio Amazonas. Esse fenômeno natural é também uma metáfora poderosa para pensarmos a educação: o encontro de diferenças que não se anulam, mas que, justamente por serem diversas, formam algo ainda maior, mais forte, mais belo.
Educar é, antes de tudo, promover encontros. É permitir que histórias, saberes, culturas e perspectivas caminhem juntas, mesmo quando não se fundem de imediato. Estudar educação é, portanto, estudar a complexidade do humano, as possibilidades de convivência, os caminhos da escuta, da empatia e do respeito. A educação não é um fim em si mesma; é um processo, um rio em fluxo, que conecta margens, fertiliza terras e atravessa fronteiras.
Manaus me ensinou isso mais uma vez, com seus rios, suas instituições, seus profissionais e suas florestas. Sigo voltando, física e simbolicamente, porque acredito que aprender e ensinar são movimentos contínuos, como a própria Amazônia: vastos, desafiadores e absolutamente essenciais.